quinta-feira, 10 de julho de 2014

O borrado retrato do futebol brasileiro

Sobre o fatídico 7x1 diante da Alemanha, li textos e acompanhei a opinião de diversos jornalistas e “jornalistas”. Em meio à tristeza, alguns absolviam a Seleção enquanto outros a criticavam duramente. E no geral, é fato que a ficha ainda não caiu.

Ao contrário de toda a mídia (que durante a grande maioria do período de cobertura à Seleção se resumiu a criticar, falar repetida e insistentemente de 1950 e puxar saco de forma ostensiva após cada vitória medíocre), não culpo Felipão. É claro que Luiz Felipe tem seus deméritos e sua parcela de responsabilidade, mas não se compara a dos clubes.

O nível do futebol brasileiro é lamentável. O Campeonato Brasileiro é um dos mais disputados do mundo, pois há sempre 10, 11 times que entram competindo para ver quem será o campeão. Mas eu não diria só campeão, eu diria o “menos patético”. E não faço questão de absolver nem o atual campeão, Cruzeiro, que de repente virou “exemplo” para os demais.

Simplesmente, virou várzea. Os clubes exalam dívidas, contratam jogadores por fortunas e salários exorbitantes sem saber como vão pagar. Sempre há um parceiro, um investidor, mas sempre falta dinheiro mesmo assim. O que explica isso?

A respeito das categorias de base, não me explicaram que modernizar o futebol era extinguir posições. Cadê os ‘camisas 10’? Cadê os centroavantes? Cadê os laterais que sabem defender e atacar (a moda agora é todo mundo ser ala)? Quais os critérios para definir o potencial de um garoto? Ele saber correr sem rumo e dar chutão atrás de chutão? Isso sem contar que a garotada, antes de virar profissional, busca salários de ‘galácticos do Real Madrid’.

Com isso, veio a convocação do Felipão. Já é natural que a base seja formada por jogadores que atuam no exterior. A diferença está no fato de, há não muitos anos atrás, a base ser formada por atletas que brilhavam no exterior: Kaká, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Roberto Carlos, entre tantos outros. Hoje, o exército estrangeiro da Seleção Ceebefiana, como diz Mauro Cézar Pereira, com exceção de poucos, é montado por refugos, por jogadores em crise, no banco, na lama...

Fiquei decepcionado com a convocação. Achei horrível. E ao mesmo tempo em que me indignava com a presença de determinado jogador, ao mesmo tempo não tinha um substituto. Diferente de Felipão, os únicos não convocados que eu levaria seriam Lucas, Luis Fabiano, Philippe Coutinho e Miranda.  Não estou dizendo que temos um time horrível, mas estamos longe de ter um time campeão.

Time campeão... hexa, hexa, hexa. Só se pensa no título. Qualquer outro resultado é julgado como fracasso, como algo difícil de engolir, como uma justificativa para queimar jogadores que não são queridinhos da imprensa. E o exemplo da Alemanha, da Espanha, não pode ser seguido? Ou seja, o de uma renovação cautelosa, planejada. Entrar numa Copa com o pensamento de ter uma base sólida e forte para a próxima também, não só para a atual.

Julguem-me o quanto quiserem, mas fico feliz, de verdade, do Brasil não vencer esta Copa. Consideraria uma derrota de goleada do futebol. A derrota humilhante para a Alemanha foi apenas um sinal de uma realidade que todos, no fundo, enxergam, mas todos empurram para baixo do tapete (ou tapetão, melhor dizendo), do futebol dominado por empresários e dirigentes amadores.

E uma última coisa: aqui, a lista de convocados do Brasil sub-21 que há alguns meses venceu o Torneio de Toulon. Estão de parabéns, mas, olhando para esta lista, me respondam: com exceção do Marquinhos, quantos vocês realmente esperam na equipe principal?

E é isso.

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